Faltam.....

PT de São Bernardo do Campo (SP) ajuiza duas representações contra José Serra por propaganda eleitoral antecipada

23 de abril de 2010 - 17h41
Ver Arquivos
O Diretório do Partido dos Trabalhadores (PT) em São Bernardo do Campo (SP) entrou com duas representações para que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aplique multas no valor de R$ 25 mil contra o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), por suposta propaganda eleitoral antecipada de sua eventual pré-candidatura à presidência da República. O partido acusa José Serra de promover seu nome junto aos eleitores, antes do prazo legal permitido pela lei eleitoral, por meio de diversos outdoors colocados em São Bernardo do Campo (SP) e de uso de caminhão de som (trio elétrico) com sua imagem e distribuição de panfletos durante a inauguração do trecho sul do Rodoanel paulistano, no último dia 30 de março.

A Lei 9.504/97 (Lei das Eleições) só permite a propaganda eleitoral a partir do dia 6 de julho do ano da eleição e prevê multa aos que desrespeitarem essa norma.

O PT municipal afirma que José Serra fez toda a propaganda irregular juntamente com o deputado estadual por São Paulo Orlando Morando Junior. Informa ainda a legenda que, no caso da propaganda em outdoors, obteve liminar junto ao Tribunal Regional Eleitoral do estado (TRE-SP), no dia 15 de abril, para que o deputado estadual Orlando Morando retirasse em 24 horas esses outdoors, com a foto dele e de Serra e referências à obra do Rodoanel, sob pena de multa diária de R$ 1  mil.

O partido revela que outro juiz do Tribunal Regional negou, por sua vez, pedido de liminar numa segunda representação que visava impedir o uso de trio elétrico com supostas imagens de José Serra e de Orlando Morando e a distribuição de panfletos favoráveis aos mesmos. O desembargador do TRE alegou em sua decisão que a liminar não poderia ser concedida porque não teria eficácia, já que os fatos mencionados na ação haviam ocorrido durante a própria inauguração do trecho do Rodoanel.

Na primeira representação, o PT pede ao TSE a manutenção dos termos da liminar do Tribunal Regional de São Paulo, em favor da retirada dos supostos outdoors de Serra e Paulo Morando em São Bernardo do Campo. Já na segunda ação, o partido solicita a concessão de outra liminar proibindo que o trio elétrico, com imagem de Serra, volte a circular, sob pena também de multa diária de R$ 1 mil.

O partido anexou fotos às representações para embasar as denúncias de propaganda eleitoral irregular.

Outdoors
O PT sustenta que os outdoors colocados em São Bernardo do Campo, contendo as fotos do então governador José Serra e de Orlando Morando Junior e os dizeres “Seu presente chegou! RODOANEL – O nosso trabalho você vê!”, caracterizam clara propaganda eleitoral antecipada de Serra.

“Da leitura do conteúdo dos outdoors, resta clara a violação à legislação eleitoral, bem como aos princípios constitucionais que regem a Administração Pública Direta e Indireta, que impõem uma série de regras a serem observadas tanto pelos candidatos à eleição, quanto pelos parlamentares que estejam no exercício do mandato político”, afirma o Partido dos Trabalhadores na primeira representação.

Segundo a legenda, José Serra busca na mensagem do outdoor mostrar aos eleitores que a construção do trecho do Rodoanel em São Paulo somente ocorreu “em razão de sua luta, visando, com isso, angariar a simpatia da população e posteriormente seus votos”.

Na representação, o PT solicita a “imediata vedação dos outdoors ainda em exibição, ou seja, que sejam imediatamente tampados os outdoors que ainda estiverem sendo exibidos” em São Bernardo do Campo.

Inauguração

Segundo o Partido dos Trabalhadores, na inauguração do trecho sul do Rodoanel, na cidade de São Bernardo do Campo, no dia 30 de março, integrantes da legenda foram impedidos e cerceados no seu “direito de ir e vir”, de chegar ao local da cerimônia pública.

Além disso, o partido afirma que, durante a solenidade, um caminhão (trio elétrico) “trazia enormes fotos” de José Serra e de Orlando Morando Junior. Sustenta ainda o PT que houve no evento distribuição de folhetos com dizeres promovendo as imagens do então governador e do deputado estadual.

“O Representado [José Serra], dessa forma, exalta as realizações dos Governos Estadual e Federal como se se tratassem de realizações pessoais suas, divulgando abertamente seu plano de governo para o caso de sua eleição no próximo pleito, mediante a divulgação da mensagem subliminar passada aos eleitores de que seu trabalho é visto e eficaz”, ressalta o PT na segunda representação.

De acordo com o PT, “não há como negar-se a menção expressa ao caráter eleitoral da ação veiculada, pois provada a existência dos requisitos exigidos pelo TSE para caracterização da propaganda eleitoral antecipada”.

Ilegalidade

O PT argumenta, nas duas representações, que mesmo se a propaganda eleitoral nos outdoors em São Bernardo do Campo e o uso do carro de som (trio elétrico) com emprego também de outdoor acontecessem dentro do período autorizado para campanha seriam considerados ilegais.

Isto porque, lembra o partido, a Lei 9.504/97 (Lei das Eleições) proíbe propaganda eleitoral por meio de outdoors, propaganda eleitoral mediante faixas, placas, cartazes e pinturas que excedam a quatro metros quadrados, uso de bem comum para fins eleitorais (com relação ao evento de inauguração de parte do Rodoanel).

Em cada representação, o partido alega ainda que José Serra certamente teve prévio conhecimento da suposta propaganda eleitoral irregular que o beneficiou, inclusive pela dimensão da mesma (outdoors, no caso de São Bernardo) e caminhão de som (trio elétrico com outdoor) na cerimônia de inauguração do trecho do Rodoanel.

No final de cada representação, o PT solicita ao TSE que o ex-governador de São Paulo José Serra seja condenado ao pagamento do valor máximo (R$ 25 mil) da multa prevista no artigo 36, da Lei  9.504/97.

Os ministros Henrique Neves e Joelson Dias são os relatores das representações.
Atenção! Estão querendo CALAR a BLOGOSFERA. Denuncie! O MPE de S. Paulo quer dar o pontapé inicial para CONTROLAR a BLOGOSFERA! NÃO PASSARÃO

E LULA engoliu a oposição...

A política brasileira produziu um fenômeno único na América Latina e talvez no mundo: o carismático presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua administração, que gozam de 84% de popularidade depois de seis anos de governo, engoliram a oposição. E não o fizeram com métodos antidemocráticos, mas sim apropriando-se de suas bandeiras. Já se sabia que Lula é um gênio político, que soube vencer as reticências no núcleo do seu próprio partido, o Partido dos Trabalhadores. De fato, dispõe-se a eleger uma mulher, a ministra Dilma Rousseff, como sua sucessora na candidatura à Presidência em 2010, apesar de ela nunca ter disputado eleições e não ser um personagem excessivamente grato ao PT. Mas o que ninguém jamais imaginou é que ele seria capaz de eliminar democraticamente a oposição. Tanto a de direita como a de esquerda.

Como conseguiu? Com uma política que, pouco a pouco, foi escavando o chão sob os pés dos seus opositores.

Cortou as asas da direita mediante uma política macroeconômica neoliberal que está lhe proporcionando bons resultados nestes momentos de crise financeira mundial graças às reservas acumuladas.

Ao mesmo tempo, pôs rédea curta nas pretensões de alguns dos movimentos sociais mais radicais, como o dos Sem Terra (MST), cujas ações têm criticado tachando-as de ilegais e instando-os a respeitar a lei em vigor.

E manteve uma política de meio ambiente das mais conservadoras, algo que agrada aos latifundiários e aos grandes exportadores, que formam o núcleo mais direitista do Congresso.

Também freou as esquerdas. Conseguiu fazer calar a esquerda minoritária com uma política voltada para os estratos mais pobres do país, o que fez com que seis milhões de famílias passassem às fileiras da classe média baixa, abandonando seu estado de miséria atávica.

Abriu o crédito aos pobres, que agora, com pouco dinheiro, podem abrir uma conta no banco e ter um cartão de crédito - o que os converte em partícipes da roda da economia nacional.

Para a outra esquerda, a moderada, também tornou as coisas difíceis. Hoje em dia, para o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), a agremiação oposicionista com maiores possibilidades de ganhar as próximas eleições porque conta com dois grandes candidatos (os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves), é mais difícil fazer oposição. Os dois aspirantes do PSDB sabem que não poderão ser eleitos contra Lula. Por isso, só falam, como acaba de fazer Aécio Neves, de uma era "pós-Lula", com um projeto de nação que aporte algo novo ao projeto do presidente, que já goza do consenso da grande maioria do país.

Desde o primeiro dia de sua chegada ao poder, Lula tem mantido Henrique Meirelles, do PSDB, como presidente do Banco Central. Conservou e ampliou o projeto social "Bolsa Escola", criado pelo PSDB, batizando-o como "Bolsa Família". Esse plano ajuda hoje 12 milhões de famílias e nenhum partido da oposição se atreveria a criticá-lo. Desde seu primeiro mandato, Lula não só demonstra ter sabido congregar apoios de 12 partidos ao seu governo, como até o momento logrou manter amizade com os candidatos opositores Serra e Neves.
Ambos, além disso, desfrutam de boas relações com o PT, e inclusive não descartam governar junto ao partido de Lula se chegarem ao poder.

Mas não há realmente espaço para a oposição no Brasil? Porque, se assim fosse, haveria quem considerasse isso um grave obstáculo para uma autêntica democracia. Poderia haver, segundo vários analistas políticos, como Merval Pereira, mas o problema está no fato de que a oposição se assustou com a popularidade de Lula. Há até políticos opositores, sobre tudo dos governos locais, que buscam uma foto junto a Lula para ganhar pontos com seu eleitorado.

Se a oposição desejasse, dizem os especialistas, poderia exigir de Lula que levasse a cabo as grandes reformas de que este país ainda necessita para decolar na cena mundial, como a reforma política (é possível governar com 30 partidos no Congresso?); a fiscal (Brasil é um dos países com maior carga tributária: roça os 40%); a de Segurança Social (Lula só a realizou em parte e, apesar de um escândalo de subornos a deputados para que votassem a favor, ficou pequena); a agrária (não saiu do papel); a da educação (no Brasil ainda não é obrigatório o ensino secundário e a qualidade deste é considerada como das piores no mundo); e, por último, a penitenciária (os suicídios dos presos aumentaram no ano passado em cerca de 40%).

Artigo publicado no jornal El Pais
JUAN ARIAS é jornalista.
© El País.

Agradecimentos!

Agradeço, de coração, a comadre Ozita e a meus irmãos Ruth Helena e Walter Vaz Jr. pelo apoio, no Encontro Estadual. Walter fotografou e Ruth filmou. Sem eles não seria possível tudo o que está aqui no blog!
Bjs e valeu!