Faltam.....

Mídia quer pautar Dilma

A grande mídia, como defensora dos interesses de mercado, já tenta criar uma agenda para Dilma Rousseff, estabelecendo medidas que a nova presidente deve tomar em nome de uma suposta responsabilidade fiscal. O Globo, por exemplo, determinou em editorial, que no início de 2011 a taxa básica de juros, de 10,75%, que leva aos maiores juros reais do mundo, deverá subir para conter pressões inflacionárias. E sentencia que Dilma, “pela experiência obtida no governo Lula, tem condições de ser aprovada neste primeiro teste.”

Aprovada por quem? Só se for pelos interessados em taxas de juros elevadas que aumentam os seus ganhos. A mídia, que ecoa a voz do mercado, tenta imputar à nova presidente a imagem de que a responsabilidade está em praticar as políticas que interessam aos investidores e não à maioria da população. Neste sentido, os desenvolvimentistas são apresentados como gastadores e os ortodoxos, como prudentes. Defende-se a política do crescimento baixo, incapaz de lidar com as necessidades do país e repudiada pela população nas três últimas eleições presidenciais.

A escolha do futuro presidente do Banco Central virou um prato cheio para o mercado expressar seus interesses via colunas e editoriais da grande imprensa. Todos incensam o atual presidente que se vai e destacam que o fundamental é manter a autonomia do Banco Central. Repetem o modelo que transforma a autoridade monetária em figura tão importante quanto o presidente da República e que coloca a economia à frente da política. O presidente do BC pode ser um técnico e sua soberania tem que estar subordinada aos interesses maiores do país. Sua opinião de técnico sempre será levada em conta, mas jamais pode ser a única e última palavra. Isso não significa interferir nas avaliações do Banco Central a bel prazer, mas discuti-las politicamente, como deve ser feito em relação a qualquer medida que envolva os interesses maiores da nação.

Dilma já garantiu que vai manter o essencial do atual modelo econômico, como o regime de metas de inflação, mas também anunciou que um de seus objetivos é reduzir a taxa real de juros (descontada a inflação) a um patamar em torno de 2% contra os atuais 5,3%. Isso não fere a responsabilidade fiscal, porque não seria alcançado pelo peso da caneta e sim por políticas de crescimento da economia, com redução da meta do superávit primário, o que já começou a ser feito, e da relação dívida/PIB.

O discurso da mídia é alarmista e forçado. Os índices inflacionários são alardeados como doenças gravíssimas e os remédios apregoados para seu tratamento são os mais amargos. Mas nada está fora de controle no país. A inflação estimada pelo próprio mercado para 2011 (5,15%) deverá ser inferior à de 2010 (5,58%), comportando perfeitamente a união de crescimento com inflação sob controle. Usa-se o fato de a inflação ficar acima do centro da meta (4,5%) como um problema grave, quando o regime de metas trabalha justamente com uma banda que permite oscilações de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, sem que a meta seja descumprida.

A inflação registrada agora pelo IPCA-15, similar a outras verificadas ao longo de 2010, é caracterizada por fatores sazonais e os preços tendem a ceder nos próximos meses. O papel do mercado é elevar os juros no mercado futuro e pressionar por ajustes fiscais, rentáveis para as aplicações de seus clientes. O do governo é saber que além do mercado existem vidas, necessitadas de mais investimentos públicos e de maior crescimento para se manterem com dignidade e contribuírem, com seu suor, para o desenvolvimento do país     
Mair Pena Neto   

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E LULA engoliu a oposição...

A política brasileira produziu um fenômeno único na América Latina e talvez no mundo: o carismático presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua administração, que gozam de 84% de popularidade depois de seis anos de governo, engoliram a oposição. E não o fizeram com métodos antidemocráticos, mas sim apropriando-se de suas bandeiras. Já se sabia que Lula é um gênio político, que soube vencer as reticências no núcleo do seu próprio partido, o Partido dos Trabalhadores. De fato, dispõe-se a eleger uma mulher, a ministra Dilma Rousseff, como sua sucessora na candidatura à Presidência em 2010, apesar de ela nunca ter disputado eleições e não ser um personagem excessivamente grato ao PT. Mas o que ninguém jamais imaginou é que ele seria capaz de eliminar democraticamente a oposição. Tanto a de direita como a de esquerda.

Como conseguiu? Com uma política que, pouco a pouco, foi escavando o chão sob os pés dos seus opositores.

Cortou as asas da direita mediante uma política macroeconômica neoliberal que está lhe proporcionando bons resultados nestes momentos de crise financeira mundial graças às reservas acumuladas.

Ao mesmo tempo, pôs rédea curta nas pretensões de alguns dos movimentos sociais mais radicais, como o dos Sem Terra (MST), cujas ações têm criticado tachando-as de ilegais e instando-os a respeitar a lei em vigor.

E manteve uma política de meio ambiente das mais conservadoras, algo que agrada aos latifundiários e aos grandes exportadores, que formam o núcleo mais direitista do Congresso.

Também freou as esquerdas. Conseguiu fazer calar a esquerda minoritária com uma política voltada para os estratos mais pobres do país, o que fez com que seis milhões de famílias passassem às fileiras da classe média baixa, abandonando seu estado de miséria atávica.

Abriu o crédito aos pobres, que agora, com pouco dinheiro, podem abrir uma conta no banco e ter um cartão de crédito - o que os converte em partícipes da roda da economia nacional.

Para a outra esquerda, a moderada, também tornou as coisas difíceis. Hoje em dia, para o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), a agremiação oposicionista com maiores possibilidades de ganhar as próximas eleições porque conta com dois grandes candidatos (os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves), é mais difícil fazer oposição. Os dois aspirantes do PSDB sabem que não poderão ser eleitos contra Lula. Por isso, só falam, como acaba de fazer Aécio Neves, de uma era "pós-Lula", com um projeto de nação que aporte algo novo ao projeto do presidente, que já goza do consenso da grande maioria do país.

Desde o primeiro dia de sua chegada ao poder, Lula tem mantido Henrique Meirelles, do PSDB, como presidente do Banco Central. Conservou e ampliou o projeto social "Bolsa Escola", criado pelo PSDB, batizando-o como "Bolsa Família". Esse plano ajuda hoje 12 milhões de famílias e nenhum partido da oposição se atreveria a criticá-lo. Desde seu primeiro mandato, Lula não só demonstra ter sabido congregar apoios de 12 partidos ao seu governo, como até o momento logrou manter amizade com os candidatos opositores Serra e Neves.
Ambos, além disso, desfrutam de boas relações com o PT, e inclusive não descartam governar junto ao partido de Lula se chegarem ao poder.

Mas não há realmente espaço para a oposição no Brasil? Porque, se assim fosse, haveria quem considerasse isso um grave obstáculo para uma autêntica democracia. Poderia haver, segundo vários analistas políticos, como Merval Pereira, mas o problema está no fato de que a oposição se assustou com a popularidade de Lula. Há até políticos opositores, sobre tudo dos governos locais, que buscam uma foto junto a Lula para ganhar pontos com seu eleitorado.

Se a oposição desejasse, dizem os especialistas, poderia exigir de Lula que levasse a cabo as grandes reformas de que este país ainda necessita para decolar na cena mundial, como a reforma política (é possível governar com 30 partidos no Congresso?); a fiscal (Brasil é um dos países com maior carga tributária: roça os 40%); a de Segurança Social (Lula só a realizou em parte e, apesar de um escândalo de subornos a deputados para que votassem a favor, ficou pequena); a agrária (não saiu do papel); a da educação (no Brasil ainda não é obrigatório o ensino secundário e a qualidade deste é considerada como das piores no mundo); e, por último, a penitenciária (os suicídios dos presos aumentaram no ano passado em cerca de 40%).

Artigo publicado no jornal El Pais
JUAN ARIAS é jornalista.
© El País.

Agradecimentos!

Agradeço, de coração, a comadre Ozita e a meus irmãos Ruth Helena e Walter Vaz Jr. pelo apoio, no Encontro Estadual. Walter fotografou e Ruth filmou. Sem eles não seria possível tudo o que está aqui no blog!
Bjs e valeu!