Faltam.....

Divergência de resultados expõe falhas de pesquisa feita pelo Datafolha

06/04/2010
Datafolha aponta crescimento de Serra, ao contrário de Vox Populi que dá ao candidato e à ex-ministra um empate técnico
Datafolha aponta crescimento de Serra, ao contrário de Vox Populi que dá ao candidato e à ex-ministra um empate técnico
O diretor-presidente da Vox Populi, João Francisco Meira, criticou ontem a cobertura da Folha de S. Paulo e pede explicações a respeito da metodologia utilizada pelo instituto de pesquisa do jornal, o Datafolha, que tem apresentado dados divergentes sobre a corrida presidencial no Brasil. “Quem tem que se explicar é o Datafolha”, disse em entrevista à Rede Brasil Atual, em resposta aos questionamentos feitos pela Folha aos resultados da pesquisa divulgados no sábado pelo Instituto, que coloca a candidata Dilma Rousseff (PT) tecnicamente empatada com José Serra (PSDB).

Na pesquisa do Vox Populi sobre a sucessão presidencial, Dilma subiu 4 pontos percentuais, indo a 31%, enquanto o tucano Serra aparece com 34% das intenções de voto. Com uma margem de erro de 2,2%, os dois estariam tecnicamente empatados. O deputado federal Ciro Gomes aparece com 10% e a senadora Marina Silva, 5%. Brancos e nulos somam 7% enquanto 13% não souberam responder. A pesquisa ouviu duas mil pessoas nos dias 30 e 31/03. Não foram divulgadas simulações de segundo turno. Isto aponta para um resultado bem diferente do último Datafolha, divulgado no último dia 27, em que Serra aparece nove pontos à frente de Dilma, em um placar de 36% contra 27%.

Esta divergência é explicada pelo Datafolha pela ordem das perguntas. O Vox Populi pergunta primeiro sobre o conhecimento prévio dos pré-candidatos e depois, em qual deles a pessoa votaria, metodologia que poderia influenciar as respostas segundo o Datafolha. João Francisco Meira rebate afirmando que esta metodologia é a mesma desde a criação do Instituto e é semelhante a metodologia utilizada por outros institutos de pesquisa, como Ibope e o Sensus. Irritado com as críticas, ele argumenta que as diferenças entre os métodos poderiam ser discutidas e resolvidas tecnicamente, “Mas, por uma opção editorial, dão outro rumo”, lamenta. Além disso, explica que além da apresentar um cartão com os nomes dos pré-candidatos, o Vox Populi entrevista as pessoas em suas casas, dando tempo para que possam pensar. Já o Datafolha faz suas entrevistas nas ruas, sem saber com certeza se a pessoa mora ou não na cidade.

Repercussão:

A crítica do presidente do Vox Populi repercutiu na Internet e foi reproduzida no site de Luiz Nassif. O site também publica um relato do repórter Luiz Carlos Azenha, ex-Globo, a respeito de sua experiência na cobertura de eleições presidenciais em 2006 pela emissora, quando Luis Inácio Lula da Silva também era candidato. Leia a íntegra abaixo:
A reprise de 2006. Agora, como farsa
por Luiz Carlos Azenha
Em 2005 e 2006 eu era repórter especial da TV Globo. Tinha salário de executivo de multinacional. Trabalhei na cobertura da crise política envolvendo o governo Lula.
Fui a Goiânia, onde investiguei com uma equipe da emissora o caixa dois do PT no pleito local. Obtivemos as provas necessárias e as reportagens foram ao ar no Jornal Nacional. O assunto morreu mais tarde, quando atingiu o Congresso e descobriu-se que as mesmas fontes financiadoras do PT goiano também tinham irrigado os cofres de outros partidos. Ou seja, a “crise” tornou-se inconveniente.
Mais tarde, já em 2006, houve um pequena revolta de profissionais da Globo paulista contra a cobertura política que atacava o PT mas poupava o PSDB. Alguns dos colegas sairam da emissora, outros ficaram. Como resultado de um encontro interno ficou decidido que deixaríamos de fazer uma cobertura seletiva das capas das revistas semanais.
Funciona assim: a Globo escolhe algumas capas para repercutir, mas esconde outras. Curiosamente e coincidentemente, as capas repercutidas trazem ataques ao governo e ao PT. As capas “esquecidas” podem causar embaraço ao PSDB ou ao DEM. Aquela capa da Caros Amigos sobre o filho que Fernando Henrique Cardoso exilou na Europa, por exemplo, jamais atenderia aos critérios de Ali Kamel, que exerce sobre os profissionais da emissora a mesma vigilância que o cardeal Ratzinger dedicava aos “insubordinados”.
Atenção! Estão querendo CALAR a BLOGOSFERA. Denuncie! O MPE de S. Paulo quer dar o pontapé inicial para CONTROLAR a BLOGOSFERA! NÃO PASSARÃO

E LULA engoliu a oposição...

A política brasileira produziu um fenômeno único na América Latina e talvez no mundo: o carismático presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua administração, que gozam de 84% de popularidade depois de seis anos de governo, engoliram a oposição. E não o fizeram com métodos antidemocráticos, mas sim apropriando-se de suas bandeiras. Já se sabia que Lula é um gênio político, que soube vencer as reticências no núcleo do seu próprio partido, o Partido dos Trabalhadores. De fato, dispõe-se a eleger uma mulher, a ministra Dilma Rousseff, como sua sucessora na candidatura à Presidência em 2010, apesar de ela nunca ter disputado eleições e não ser um personagem excessivamente grato ao PT. Mas o que ninguém jamais imaginou é que ele seria capaz de eliminar democraticamente a oposição. Tanto a de direita como a de esquerda.

Como conseguiu? Com uma política que, pouco a pouco, foi escavando o chão sob os pés dos seus opositores.

Cortou as asas da direita mediante uma política macroeconômica neoliberal que está lhe proporcionando bons resultados nestes momentos de crise financeira mundial graças às reservas acumuladas.

Ao mesmo tempo, pôs rédea curta nas pretensões de alguns dos movimentos sociais mais radicais, como o dos Sem Terra (MST), cujas ações têm criticado tachando-as de ilegais e instando-os a respeitar a lei em vigor.

E manteve uma política de meio ambiente das mais conservadoras, algo que agrada aos latifundiários e aos grandes exportadores, que formam o núcleo mais direitista do Congresso.

Também freou as esquerdas. Conseguiu fazer calar a esquerda minoritária com uma política voltada para os estratos mais pobres do país, o que fez com que seis milhões de famílias passassem às fileiras da classe média baixa, abandonando seu estado de miséria atávica.

Abriu o crédito aos pobres, que agora, com pouco dinheiro, podem abrir uma conta no banco e ter um cartão de crédito - o que os converte em partícipes da roda da economia nacional.

Para a outra esquerda, a moderada, também tornou as coisas difíceis. Hoje em dia, para o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), a agremiação oposicionista com maiores possibilidades de ganhar as próximas eleições porque conta com dois grandes candidatos (os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves), é mais difícil fazer oposição. Os dois aspirantes do PSDB sabem que não poderão ser eleitos contra Lula. Por isso, só falam, como acaba de fazer Aécio Neves, de uma era "pós-Lula", com um projeto de nação que aporte algo novo ao projeto do presidente, que já goza do consenso da grande maioria do país.

Desde o primeiro dia de sua chegada ao poder, Lula tem mantido Henrique Meirelles, do PSDB, como presidente do Banco Central. Conservou e ampliou o projeto social "Bolsa Escola", criado pelo PSDB, batizando-o como "Bolsa Família". Esse plano ajuda hoje 12 milhões de famílias e nenhum partido da oposição se atreveria a criticá-lo. Desde seu primeiro mandato, Lula não só demonstra ter sabido congregar apoios de 12 partidos ao seu governo, como até o momento logrou manter amizade com os candidatos opositores Serra e Neves.
Ambos, além disso, desfrutam de boas relações com o PT, e inclusive não descartam governar junto ao partido de Lula se chegarem ao poder.

Mas não há realmente espaço para a oposição no Brasil? Porque, se assim fosse, haveria quem considerasse isso um grave obstáculo para uma autêntica democracia. Poderia haver, segundo vários analistas políticos, como Merval Pereira, mas o problema está no fato de que a oposição se assustou com a popularidade de Lula. Há até políticos opositores, sobre tudo dos governos locais, que buscam uma foto junto a Lula para ganhar pontos com seu eleitorado.

Se a oposição desejasse, dizem os especialistas, poderia exigir de Lula que levasse a cabo as grandes reformas de que este país ainda necessita para decolar na cena mundial, como a reforma política (é possível governar com 30 partidos no Congresso?); a fiscal (Brasil é um dos países com maior carga tributária: roça os 40%); a de Segurança Social (Lula só a realizou em parte e, apesar de um escândalo de subornos a deputados para que votassem a favor, ficou pequena); a agrária (não saiu do papel); a da educação (no Brasil ainda não é obrigatório o ensino secundário e a qualidade deste é considerada como das piores no mundo); e, por último, a penitenciária (os suicídios dos presos aumentaram no ano passado em cerca de 40%).

Artigo publicado no jornal El Pais
JUAN ARIAS é jornalista.
© El País.

Agradecimentos!

Agradeço, de coração, a comadre Ozita e a meus irmãos Ruth Helena e Walter Vaz Jr. pelo apoio, no Encontro Estadual. Walter fotografou e Ruth filmou. Sem eles não seria possível tudo o que está aqui no blog!
Bjs e valeu!