Na pesquisa do Vox Populi sobre a sucessão presidencial, Dilma subiu 4 pontos percentuais, indo a 31%, enquanto o tucano Serra aparece com 34% das intenções de voto. Com uma margem de erro de 2,2%, os dois estariam tecnicamente empatados. O deputado federal Ciro Gomes aparece com 10% e a senadora Marina Silva, 5%. Brancos e nulos somam 7% enquanto 13% não souberam responder. A pesquisa ouviu duas mil pessoas nos dias 30 e 31/03. Não foram divulgadas simulações de segundo turno. Isto aponta para um resultado bem diferente do último Datafolha, divulgado no último dia 27, em que Serra aparece nove pontos à frente de Dilma, em um placar de 36% contra 27%.
Esta divergência é explicada pelo Datafolha pela ordem das perguntas. O Vox Populi pergunta primeiro sobre o conhecimento prévio dos pré-candidatos e depois, em qual deles a pessoa votaria, metodologia que poderia influenciar as respostas segundo o Datafolha. João Francisco Meira rebate afirmando que esta metodologia é a mesma desde a criação do Instituto e é semelhante a metodologia utilizada por outros institutos de pesquisa, como Ibope e o Sensus. Irritado com as críticas, ele argumenta que as diferenças entre os métodos poderiam ser discutidas e resolvidas tecnicamente, “Mas, por uma opção editorial, dão outro rumo”, lamenta. Além disso, explica que além da apresentar um cartão com os nomes dos pré-candidatos, o Vox Populi entrevista as pessoas em suas casas, dando tempo para que possam pensar. Já o Datafolha faz suas entrevistas nas ruas, sem saber com certeza se a pessoa mora ou não na cidade.
Repercussão:
A crítica do presidente do Vox Populi repercutiu na Internet e foi reproduzida no site de Luiz Nassif. O site também publica um relato do repórter Luiz Carlos Azenha, ex-Globo, a respeito de sua experiência na cobertura de eleições presidenciais em 2006 pela emissora, quando Luis Inácio Lula da Silva também era candidato. Leia a íntegra abaixo:
A reprise de 2006. Agora, como farsa
por Luiz Carlos Azenha
Em 2005 e 2006 eu era repórter especial da TV Globo. Tinha salário de executivo de multinacional. Trabalhei na cobertura da crise política envolvendo o governo Lula.
Fui a Goiânia, onde investiguei com uma equipe da emissora o caixa dois do PT no pleito local. Obtivemos as provas necessárias e as reportagens foram ao ar no Jornal Nacional. O assunto morreu mais tarde, quando atingiu o Congresso e descobriu-se que as mesmas fontes financiadoras do PT goiano também tinham irrigado os cofres de outros partidos. Ou seja, a “crise” tornou-se inconveniente.
Mais tarde, já em 2006, houve um pequena revolta de profissionais da Globo paulista contra a cobertura política que atacava o PT mas poupava o PSDB. Alguns dos colegas sairam da emissora, outros ficaram. Como resultado de um encontro interno ficou decidido que deixaríamos de fazer uma cobertura seletiva das capas das revistas semanais.
Funciona assim: a Globo escolhe algumas capas para repercutir, mas esconde outras. Curiosamente e coincidentemente, as capas repercutidas trazem ataques ao governo e ao PT. As capas “esquecidas” podem causar embaraço ao PSDB ou ao DEM. Aquela capa da Caros Amigos sobre o filho que Fernando Henrique Cardoso exilou na Europa, por exemplo, jamais atenderia aos critérios de Ali Kamel, que exerce sobre os profissionais da emissora a mesma vigilância que o cardeal Ratzinger dedicava aos “insubordinados”.