Faltam.....

Rende mais, por dinheiro nas mãos dos mais pobres!

Para não ficar “atrofiado como EUA e Europa” o povo tem que ter “prata e consumir”, defende o presidente
O presidente Lula afirmou na quarta-feira (17), durante o 2º Fórum Banco Central sobre Inclusão Financeira, em Brasília, que se o país investisse as suas reservas internacionais nas cooperativas teria um rendimento muito melhor do que recebe do Tesouro Americano. Ele destacou o forte crescimento do mercado de crédito no Brasil, especialmente para a população mais pobre. Segundo Lula, os bilhões já emprestados dão um volume maior do que as reservas internacionais brasileiras, que estão acima de US$ 280 bilhões. E, dirigindo-se ao presidente do BC, ele disse: “Aliás, Meirelles, as reservas estão rendendo pouco, com essa política americana. Vamos emprestar para cooperativa que rende mais”. 
Em seu discurso, o presidente enfatizou a importância de se emprestar recursos para os mais pobres, salientando que isso ajuda muito o Brasil a se desenvolver. Segundo Lula “poucos recursos nas mãos de muitas pessoas geram distribuição de renda e mais desenvolvimento, enquanto muito dinheiro na mão de poucas pessoas gera concentração de renda”. “Então, Meirelles, a palavra-chave é essa: quer que o país cresça, se desenvolva, consuma e não fique atrofiado como EUA e Europa, dê prata na mão dos pequenos”, disse o presidente, dirigindo-se ao presidente do Banco Central.

De novo dirigindo-se ao responsável pelo Banco Central, o presidente indagou: “você sabe quanto era o crédito, no Brasil inteiro, quando nós chegamos, Meirelles? Em 2003? Pode pegar março de 2003”. E respondeu logo em seguida: “O crédito disponibilizado no Brasil inteiro era de apenas R$ 380 bilhões”. “Hoje, só o Banco do Brasil deve ter 380 bilhões. E o Brasil tem mais de R$ 1 trilhão e 600 bilhões hoje, de crédito disponibilizados”, informou Lula.
Ele disse que o crédito no Brasil era reduzido e destinado a um número muito restrito de pessoas antes de seu governo. “Houve um tempo em que a moda era não emprestar, e se tivesse que emprestar, era melhor emprestar muito para um só, porque sentava lá o cidadão na frente do gerente, conversavam, trocavam charutos e pegavam... do que atender um monte de capiau de sandálias havaianas, que ia lá pegar R$ 500,00, R$ 50,00, R$ 200,00, R$ 20,00, R$ 30,00”, assinalou.
Ao destacar a importância da ampliação do crédito, Lula citou bancos - como o Banco Palmas, de Fortaleza - com empréstimos de R$ 20,00 e disse que “a primeira coisa que o cidadão iria pensar era o seguinte: bem, R$ 20,00 é tão pouco que eu dou mais de gorjeta depois que eu tomo o meu uísque, é muito pouco”. “Ele não percebe que para alguns R$ 20,00 não é nada. Mas, para uma pessoa que levanta de manhã, olha para o fogão, não tem feijão, não tem leite, não tem manteiga, não tem farinha, não tem nada para comer, R$ 20,00 dá para a pessoa entrar em uma bodega e fazer a festa pelo menos pelos próximos dez dias”, salientou Lula.
“Agora”, prosseguiu Lula, “chegue no Banco Central, aqui em Brasília, chegue na Avenida Paulista, com o Roberto Setúbal, chegue com o Trabuco, no Bradesco, ou com qualquer outra pessoa, na Avenida Copacabana, na Boa Viagem, e vá a uma reunião de executivos e fale que tem um banco neste país que tinha como crédito máximo R$ 20,00”. “É essa dimensão de importância que as pessoas perdem”, enfatizou. “É essa dimensão de valor das coisas pequenas que nós vamos perdendo na hora em que a gente vai se achando importante, sobretudo quando a gente chega a cargo de prefeito, a cargo de governador, a cargo de presidente, de ministros, de instituições financeiras, porque nós lidamos com muitos bilhões, os tostões passam de lado”, prosseguiu.
“Na alta roda, uma pessoa pode dever 2, 3 bilhões, quanto mais deve, mais chique é, não é? É verdade. Ou seja, eu ouvi do companheiro Gilson (Gilson Bittencourt, integrante do ministério da Fazenda) uma frase que dizia o seguinte: “Tem determinados setores que tem duas alegrias no Brasil. Uma quando consegue tomar o dinheiro, e outra quando não paga”. “Os pobres pagam, e pagam, e pagam de verdade. Então, eu acho que esse encontro aqui é um marco, Meirelles, no que pode acontecer no Brasil daqui para frente”, afirmou Lula. “Quantas pessoas precisam apenas quem sabe de 50, de 100 ou de 150 (reais) até o primeiro passo. Quantas?. E quantas vezes a gente vê nos jornais pessoas que tiveram acesso a bilhões e bilhões e bilhões e que não geraram quase que emprego, que quebraram e que nós fomos obrigados a sair correndo atrás do prejuízo. Quantos?”, questionou.
Na posse do novo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, também na quarta-feira, o presidente Lula afirmou que as políticas de desvalorização do dólar pelos EUA e a reação da China, desvalorizando também a sua moeda, está preocupando o governo. “Tenho conversado com a Dilma. Estamos trabalhando preocupados com o que está acontecendo nos EUA e na China. O fato de duas economias como a China e os Estados Unidos tentarem fazer sua competitividade desvalorizando suas moedas não é correto e não é justo”, criticou o presidente, garantindo que o governo vai ficar atento à questão cambial.
Atenção! Estão querendo CALAR a BLOGOSFERA. Denuncie! O MPE de S. Paulo quer dar o pontapé inicial para CONTROLAR a BLOGOSFERA! NÃO PASSARÃO

E LULA engoliu a oposição...

A política brasileira produziu um fenômeno único na América Latina e talvez no mundo: o carismático presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua administração, que gozam de 84% de popularidade depois de seis anos de governo, engoliram a oposição. E não o fizeram com métodos antidemocráticos, mas sim apropriando-se de suas bandeiras. Já se sabia que Lula é um gênio político, que soube vencer as reticências no núcleo do seu próprio partido, o Partido dos Trabalhadores. De fato, dispõe-se a eleger uma mulher, a ministra Dilma Rousseff, como sua sucessora na candidatura à Presidência em 2010, apesar de ela nunca ter disputado eleições e não ser um personagem excessivamente grato ao PT. Mas o que ninguém jamais imaginou é que ele seria capaz de eliminar democraticamente a oposição. Tanto a de direita como a de esquerda.

Como conseguiu? Com uma política que, pouco a pouco, foi escavando o chão sob os pés dos seus opositores.

Cortou as asas da direita mediante uma política macroeconômica neoliberal que está lhe proporcionando bons resultados nestes momentos de crise financeira mundial graças às reservas acumuladas.

Ao mesmo tempo, pôs rédea curta nas pretensões de alguns dos movimentos sociais mais radicais, como o dos Sem Terra (MST), cujas ações têm criticado tachando-as de ilegais e instando-os a respeitar a lei em vigor.

E manteve uma política de meio ambiente das mais conservadoras, algo que agrada aos latifundiários e aos grandes exportadores, que formam o núcleo mais direitista do Congresso.

Também freou as esquerdas. Conseguiu fazer calar a esquerda minoritária com uma política voltada para os estratos mais pobres do país, o que fez com que seis milhões de famílias passassem às fileiras da classe média baixa, abandonando seu estado de miséria atávica.

Abriu o crédito aos pobres, que agora, com pouco dinheiro, podem abrir uma conta no banco e ter um cartão de crédito - o que os converte em partícipes da roda da economia nacional.

Para a outra esquerda, a moderada, também tornou as coisas difíceis. Hoje em dia, para o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), a agremiação oposicionista com maiores possibilidades de ganhar as próximas eleições porque conta com dois grandes candidatos (os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves), é mais difícil fazer oposição. Os dois aspirantes do PSDB sabem que não poderão ser eleitos contra Lula. Por isso, só falam, como acaba de fazer Aécio Neves, de uma era "pós-Lula", com um projeto de nação que aporte algo novo ao projeto do presidente, que já goza do consenso da grande maioria do país.

Desde o primeiro dia de sua chegada ao poder, Lula tem mantido Henrique Meirelles, do PSDB, como presidente do Banco Central. Conservou e ampliou o projeto social "Bolsa Escola", criado pelo PSDB, batizando-o como "Bolsa Família". Esse plano ajuda hoje 12 milhões de famílias e nenhum partido da oposição se atreveria a criticá-lo. Desde seu primeiro mandato, Lula não só demonstra ter sabido congregar apoios de 12 partidos ao seu governo, como até o momento logrou manter amizade com os candidatos opositores Serra e Neves.
Ambos, além disso, desfrutam de boas relações com o PT, e inclusive não descartam governar junto ao partido de Lula se chegarem ao poder.

Mas não há realmente espaço para a oposição no Brasil? Porque, se assim fosse, haveria quem considerasse isso um grave obstáculo para uma autêntica democracia. Poderia haver, segundo vários analistas políticos, como Merval Pereira, mas o problema está no fato de que a oposição se assustou com a popularidade de Lula. Há até políticos opositores, sobre tudo dos governos locais, que buscam uma foto junto a Lula para ganhar pontos com seu eleitorado.

Se a oposição desejasse, dizem os especialistas, poderia exigir de Lula que levasse a cabo as grandes reformas de que este país ainda necessita para decolar na cena mundial, como a reforma política (é possível governar com 30 partidos no Congresso?); a fiscal (Brasil é um dos países com maior carga tributária: roça os 40%); a de Segurança Social (Lula só a realizou em parte e, apesar de um escândalo de subornos a deputados para que votassem a favor, ficou pequena); a agrária (não saiu do papel); a da educação (no Brasil ainda não é obrigatório o ensino secundário e a qualidade deste é considerada como das piores no mundo); e, por último, a penitenciária (os suicídios dos presos aumentaram no ano passado em cerca de 40%).

Artigo publicado no jornal El Pais
JUAN ARIAS é jornalista.
© El País.

Agradecimentos!

Agradeço, de coração, a comadre Ozita e a meus irmãos Ruth Helena e Walter Vaz Jr. pelo apoio, no Encontro Estadual. Walter fotografou e Ruth filmou. Sem eles não seria possível tudo o que está aqui no blog!
Bjs e valeu!