Faltam.....

Receita de golpe

COMO HONDURAR ou 
(Receita para um Golpe Constitucional)
Colaboração do Tyndaro
Copioado do blog O esquerdopata
Como está o clima hoje? Vai chover? Vai fazer calor? Golpe militar, para muitos, é questão de clima. "Não é possível um golpe militar, hoje, no Brasil, porque não há clima", dizem. 

Como se sabe, quem depende de clima é agricultor. Golpes de Estado precisam de oportunidade, e oportunidade pode simplesmente aperecer ou, então, ser criada. A mistura certa de ingredientes, alguns previa e adredemente colocados (v.g., art. 142 da CRFB) com outros anexados na hora certa e, "voila", eis a oportunidade! Mas... como fazer para hondurar um golpe?

Hondurar significa fazer um golpe militar parecer ser legal e constitucional. Note que, em Honduras, a Suprema Corte deu total aval ao golpe. Mas como...??? Vamos à nossa receita de "Golpe à Hondurenha":

INGREDIENTES:
a) Um ou mais partidos que apresentem reclamações (no nosso caso, contra o(a) candidato(a) da preferência do povo);
b) Um ou mais procuradores do MP Eleitoral (para oferecer a denúncia que vise impedir a inscrição, diplomação, posse, ou ainda a cassassão do candidato do povo);
c) Um Judiciário (para acatar a denúncia do MPE e legitimar o golpe);
d) Uma mídia nativa, totalmente simpatizante do golpe (para dar um verniz de legitimidade ao golpe);
e) Um povo inconformado e revoltado com o golpe (terá que ir às ruas protestar. Se não for, o golpe estará consumado, porém não será o legítimo " à Hondurenha") e
f) Uma Constituição que preveja a intervenção das forças armadas para o cumprimento da lei e reposição da ordem por determinação do Judiciário (art.142 da CRFB).

JUNTANDO OS INGREDIENTES:
  • O ingrediente "a" é fácil. Já está no caldeirão faz tempo (PSDB, DEM, PPS...).
  • O ingrediente "b" acaba de chegar na cozinha (olá, Sra. Vice-Procuradora-Geral Eleitoral, Sandra Cureau).
  • O ingrediente "c" conta com algumas especiarias que costumam agridir o paladar da maioria, mas já é de todos conhecido. Não é difícil de encontrar e há tempos está na despensa podendo algumas das especiarias serem usadas a qualquer hora, dependendo da que você escolher.
  • O ingrediente "d" não é bem um ingrediente. Está mais para o nosso fogão. Sempre esteve na cozinha soltando fogo pelas ventas e é um veterano em receitas de golpes (Globo, Veja, Folha, Estadão, Época...).

Juntamos os ingredientes "a", "b", e "c", ligamos o "d" e já podemos ver um golpe formado! Ainda não é o militar/hondurenho. Até aqui, aprendemos a fazer um golpe civil (o mais simples). Para chegarmos ao militar\à hondurenha, devemos acrescentar, agora, o ingrediente "e". Este ingrediente é muito importante para essa nova etapa. Serão necessárias manifestações, greves, passeatas, acampamentos nas portas dos palácios, protestos, enfim, algo que irá reagir com o ingrediente "d" para que este, por sua vez, desencadeie uma reação junto ao ingrediente "c". Esta última reação irá fazer surgir o ingrediente "f".

O INGREDIENTE "F":

O ingrediente "f" foi colocado na despensa da nossa cozinha em 1988. Muitas pessoas (os constituintes) colocaram coisas e mais coisas que lhes pareciam oportunas e convenientes (não é Sr. Jobim?) na nossa despensa, sendo que uma delas é o Art.142, "caput" da nossa constituição. Eis a descrição do ingrediente "f":
"Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da república, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, POR INICIATIVA DE QUALQUER DESTES, da lei e da ordem."

Ou seja: qualquer dos poderes constituídos brasileiros (Executivo, Legislativo e JUDICIÁRIO) pode convocar as Forças Armadas para o restabelecimento da Lei e da ordem. Eis aí o segredo culinário hondurenho!

FINALIZANDO:
Seguindo nossa receita, o ingrediente "c" determina a intervenção militar baseado no ingrediente "f" e... tchan, tchan, tchan, tchannnn!!! Está pronto um legítimo "golpe à hondurenha". Os militares agem sob o manto da legalidade, colocam outra pessoa qualquer no poder (quem seria...?) e o produto final passa a se chamar " democracia". Agora é só servir com golpes de cacetete, choques na genitália, desaparecimentos ou o que você inventar. Os acompanhamentos podem ser vários. No Brasil usou-se muito o pau-de-arara. A criatividade culinária, nesses casos, não tem limites...

ADVERTÊNCIA!
Apesar de parecer simples, esta receita nem sempre funciona. Qualquer descuido e os ingredientes poderão ficar irremediavelmente imprestáveis para nova tentativa, devendo os mesmos serem jogados, imediatamente, no lixo!

T.G.Meirelles
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E LULA engoliu a oposição...

A política brasileira produziu um fenômeno único na América Latina e talvez no mundo: o carismático presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua administração, que gozam de 84% de popularidade depois de seis anos de governo, engoliram a oposição. E não o fizeram com métodos antidemocráticos, mas sim apropriando-se de suas bandeiras. Já se sabia que Lula é um gênio político, que soube vencer as reticências no núcleo do seu próprio partido, o Partido dos Trabalhadores. De fato, dispõe-se a eleger uma mulher, a ministra Dilma Rousseff, como sua sucessora na candidatura à Presidência em 2010, apesar de ela nunca ter disputado eleições e não ser um personagem excessivamente grato ao PT. Mas o que ninguém jamais imaginou é que ele seria capaz de eliminar democraticamente a oposição. Tanto a de direita como a de esquerda.

Como conseguiu? Com uma política que, pouco a pouco, foi escavando o chão sob os pés dos seus opositores.

Cortou as asas da direita mediante uma política macroeconômica neoliberal que está lhe proporcionando bons resultados nestes momentos de crise financeira mundial graças às reservas acumuladas.

Ao mesmo tempo, pôs rédea curta nas pretensões de alguns dos movimentos sociais mais radicais, como o dos Sem Terra (MST), cujas ações têm criticado tachando-as de ilegais e instando-os a respeitar a lei em vigor.

E manteve uma política de meio ambiente das mais conservadoras, algo que agrada aos latifundiários e aos grandes exportadores, que formam o núcleo mais direitista do Congresso.

Também freou as esquerdas. Conseguiu fazer calar a esquerda minoritária com uma política voltada para os estratos mais pobres do país, o que fez com que seis milhões de famílias passassem às fileiras da classe média baixa, abandonando seu estado de miséria atávica.

Abriu o crédito aos pobres, que agora, com pouco dinheiro, podem abrir uma conta no banco e ter um cartão de crédito - o que os converte em partícipes da roda da economia nacional.

Para a outra esquerda, a moderada, também tornou as coisas difíceis. Hoje em dia, para o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), a agremiação oposicionista com maiores possibilidades de ganhar as próximas eleições porque conta com dois grandes candidatos (os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves), é mais difícil fazer oposição. Os dois aspirantes do PSDB sabem que não poderão ser eleitos contra Lula. Por isso, só falam, como acaba de fazer Aécio Neves, de uma era "pós-Lula", com um projeto de nação que aporte algo novo ao projeto do presidente, que já goza do consenso da grande maioria do país.

Desde o primeiro dia de sua chegada ao poder, Lula tem mantido Henrique Meirelles, do PSDB, como presidente do Banco Central. Conservou e ampliou o projeto social "Bolsa Escola", criado pelo PSDB, batizando-o como "Bolsa Família". Esse plano ajuda hoje 12 milhões de famílias e nenhum partido da oposição se atreveria a criticá-lo. Desde seu primeiro mandato, Lula não só demonstra ter sabido congregar apoios de 12 partidos ao seu governo, como até o momento logrou manter amizade com os candidatos opositores Serra e Neves.
Ambos, além disso, desfrutam de boas relações com o PT, e inclusive não descartam governar junto ao partido de Lula se chegarem ao poder.

Mas não há realmente espaço para a oposição no Brasil? Porque, se assim fosse, haveria quem considerasse isso um grave obstáculo para uma autêntica democracia. Poderia haver, segundo vários analistas políticos, como Merval Pereira, mas o problema está no fato de que a oposição se assustou com a popularidade de Lula. Há até políticos opositores, sobre tudo dos governos locais, que buscam uma foto junto a Lula para ganhar pontos com seu eleitorado.

Se a oposição desejasse, dizem os especialistas, poderia exigir de Lula que levasse a cabo as grandes reformas de que este país ainda necessita para decolar na cena mundial, como a reforma política (é possível governar com 30 partidos no Congresso?); a fiscal (Brasil é um dos países com maior carga tributária: roça os 40%); a de Segurança Social (Lula só a realizou em parte e, apesar de um escândalo de subornos a deputados para que votassem a favor, ficou pequena); a agrária (não saiu do papel); a da educação (no Brasil ainda não é obrigatório o ensino secundário e a qualidade deste é considerada como das piores no mundo); e, por último, a penitenciária (os suicídios dos presos aumentaram no ano passado em cerca de 40%).

Artigo publicado no jornal El Pais
JUAN ARIAS é jornalista.
© El País.

Agradecimentos!

Agradeço, de coração, a comadre Ozita e a meus irmãos Ruth Helena e Walter Vaz Jr. pelo apoio, no Encontro Estadual. Walter fotografou e Ruth filmou. Sem eles não seria possível tudo o que está aqui no blog!
Bjs e valeu!