Faltam.....

Depois do Quarto, surge agora o Quinto Poder

Postado por Carlos Castilho em 6/5/2010 às 12:26:19


O batismo oficial no novo jargão aconteceu esta semana em São Petersburgo, na Florida, Estados Unidos durante uma conferência de dois dias entre blogueiros autônomos, especialistas universitários, gurus da internet, empreendedores virtuais e jornalistas profissionais. 
A imprensa tradicional, tida como um quarto poder por sua enorme influência na área nacional dominada pelos três outros poderes (executivo, legislativo, judiciário), tem agora ao seu lado um eclético e emergente quinto poder, formado pelos novos protagonistas da comunicação digital. 
Esta é a segunda versão da Sense Makers Conference (literalmente Conferência dos que Criam Sentido) [1], uma reunião destinada a debater as novas tendências na comunicação, a partir de contribuições tanto de especialistas como dos chamados practitioners [2]. O evento é patrocinado pelo Instituto Poynter e na sua versão 2010 contou com 26 participantes.
Ao contrário dos outros quatro poderes, o novo “poder”  não é uma instituição formal, e provavelmente nunca o será, mas um aglomerado cuja marca registrada parece ser o ecletismo dos participantes, a forma quase caótica como se eles se agrupam e a agenda pouco convencional, em termos jornalísticos.
O que estamos assistindo é a emergência de um novo ator dentro da arena da comunicação pública e que pode vir a disputar espaços com a mídia convencional. Se o Quarto Poder era conformado basicamente pelas empresas e indústrias ligadas a produção jornalística, o Quinto Poder seria um aglomerado difuso dos novos produtores independentes de notícias e informações.
Um dos temas mais discutidos em São Petersburgo foi a ausência de objetividade e o caráter militante de blogs, twits e sites comunitários que não ocultam suas opiniões e nem preferências políticas, contrariando as normas do jornalismo profissional.
Consultando os blogs e twits do participantes é possível verificar que eles colocam a questão da objetividade num contexto especifico. Ela estaria na avaliação do conjunto de perspectivas expressas na diversidade de plataformas digitais de notícias e não compactadas num único veículo, como se propõe a imprensa. A objetividade não seria mais uma responsabilidade dos jornais, mas uma tarefa do leitor.
Só aí já temos muito pano para manga porque se de um lado temos o Quarto Poder reivindicando uma posição privilegiada na definição do que é verdadeiro ou falso, do outro temos uma situação inédita em matéria de certificação de credibilidade, causada pela avalancha de informações produzidas pelos blogs, por exemplo.
Tecnicamente seria muito difícil sintetizar milhões de percepções diferentes numa única. Até mesmo os jornais reconhecem esta dificuldade quando criaram o recurso de ouvir os dois lados de um problema. Só que hoje há muito mais do que dois lados e é praticamente impossível um veículo processar todas as versões que circulam na web.
A realidade está mostrando que a alegada objetividade e isenção da imprensa é cada vez menos viável, mas em compensação também não fornece elementos mínimos para estimar o grau de dificuldade que o público terá para peneirar o conteúdo de tantos blogs, twitters, chats, fóruns, listas de discussão e páginas web.
A certificação de credibilidade é um dos grandes desafios da comunicação na era digital. Em questões mais simples, como o comércio eletrônico, ela já está funcionamento bem com base nos chamados sistemas de reputação. Mas para áreas mais complexas como a da informação jornalística, o sistema ainda é sujeito a falhas. A nova alternativa são os algoritmos de autoridade, microsoftwares apoiados em leis da estatística e probabilidade, que já servem de base para os sistemas de reputação.
Ambos ainda são possibilidades, o que deixa muito espaço para a grande conversa entre o quarto e o quinto “poderes”.

[1] Sense Makers é uma expressão inglesa para designar pessoas capazes de identificar e atribuir significados relevantes a fatos, processos ou dados.
[2] Practitioner é uma pessoa dotada de uma grande experiência numa determinada área e que procura dar uma base teórica à sua prática. É a definição corrente na internet. No dicionário, practitioner é traduzido por praticante. 

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E LULA engoliu a oposição...

A política brasileira produziu um fenômeno único na América Latina e talvez no mundo: o carismático presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua administração, que gozam de 84% de popularidade depois de seis anos de governo, engoliram a oposição. E não o fizeram com métodos antidemocráticos, mas sim apropriando-se de suas bandeiras. Já se sabia que Lula é um gênio político, que soube vencer as reticências no núcleo do seu próprio partido, o Partido dos Trabalhadores. De fato, dispõe-se a eleger uma mulher, a ministra Dilma Rousseff, como sua sucessora na candidatura à Presidência em 2010, apesar de ela nunca ter disputado eleições e não ser um personagem excessivamente grato ao PT. Mas o que ninguém jamais imaginou é que ele seria capaz de eliminar democraticamente a oposição. Tanto a de direita como a de esquerda.

Como conseguiu? Com uma política que, pouco a pouco, foi escavando o chão sob os pés dos seus opositores.

Cortou as asas da direita mediante uma política macroeconômica neoliberal que está lhe proporcionando bons resultados nestes momentos de crise financeira mundial graças às reservas acumuladas.

Ao mesmo tempo, pôs rédea curta nas pretensões de alguns dos movimentos sociais mais radicais, como o dos Sem Terra (MST), cujas ações têm criticado tachando-as de ilegais e instando-os a respeitar a lei em vigor.

E manteve uma política de meio ambiente das mais conservadoras, algo que agrada aos latifundiários e aos grandes exportadores, que formam o núcleo mais direitista do Congresso.

Também freou as esquerdas. Conseguiu fazer calar a esquerda minoritária com uma política voltada para os estratos mais pobres do país, o que fez com que seis milhões de famílias passassem às fileiras da classe média baixa, abandonando seu estado de miséria atávica.

Abriu o crédito aos pobres, que agora, com pouco dinheiro, podem abrir uma conta no banco e ter um cartão de crédito - o que os converte em partícipes da roda da economia nacional.

Para a outra esquerda, a moderada, também tornou as coisas difíceis. Hoje em dia, para o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), a agremiação oposicionista com maiores possibilidades de ganhar as próximas eleições porque conta com dois grandes candidatos (os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves), é mais difícil fazer oposição. Os dois aspirantes do PSDB sabem que não poderão ser eleitos contra Lula. Por isso, só falam, como acaba de fazer Aécio Neves, de uma era "pós-Lula", com um projeto de nação que aporte algo novo ao projeto do presidente, que já goza do consenso da grande maioria do país.

Desde o primeiro dia de sua chegada ao poder, Lula tem mantido Henrique Meirelles, do PSDB, como presidente do Banco Central. Conservou e ampliou o projeto social "Bolsa Escola", criado pelo PSDB, batizando-o como "Bolsa Família". Esse plano ajuda hoje 12 milhões de famílias e nenhum partido da oposição se atreveria a criticá-lo. Desde seu primeiro mandato, Lula não só demonstra ter sabido congregar apoios de 12 partidos ao seu governo, como até o momento logrou manter amizade com os candidatos opositores Serra e Neves.
Ambos, além disso, desfrutam de boas relações com o PT, e inclusive não descartam governar junto ao partido de Lula se chegarem ao poder.

Mas não há realmente espaço para a oposição no Brasil? Porque, se assim fosse, haveria quem considerasse isso um grave obstáculo para uma autêntica democracia. Poderia haver, segundo vários analistas políticos, como Merval Pereira, mas o problema está no fato de que a oposição se assustou com a popularidade de Lula. Há até políticos opositores, sobre tudo dos governos locais, que buscam uma foto junto a Lula para ganhar pontos com seu eleitorado.

Se a oposição desejasse, dizem os especialistas, poderia exigir de Lula que levasse a cabo as grandes reformas de que este país ainda necessita para decolar na cena mundial, como a reforma política (é possível governar com 30 partidos no Congresso?); a fiscal (Brasil é um dos países com maior carga tributária: roça os 40%); a de Segurança Social (Lula só a realizou em parte e, apesar de um escândalo de subornos a deputados para que votassem a favor, ficou pequena); a agrária (não saiu do papel); a da educação (no Brasil ainda não é obrigatório o ensino secundário e a qualidade deste é considerada como das piores no mundo); e, por último, a penitenciária (os suicídios dos presos aumentaram no ano passado em cerca de 40%).

Artigo publicado no jornal El Pais
JUAN ARIAS é jornalista.
© El País.

Agradecimentos!

Agradeço, de coração, a comadre Ozita e a meus irmãos Ruth Helena e Walter Vaz Jr. pelo apoio, no Encontro Estadual. Walter fotografou e Ruth filmou. Sem eles não seria possível tudo o que está aqui no blog!
Bjs e valeu!